
Festival Mi chega ao Sertão Central e ao Cariri e realiza seis dias de programação com grupos tradicionais e músicos das regiões
Nos dias 04 e 05 de julho em Quixadá e de 05 a 09 de julho no Crato, o Mi – Festival Música da Ibiapaba pretende abrir espaços importantes para o público celebrar a cultura com artistas locais, entre bandas, instrumentistas e mestres da cultura
Em sua 17º edição, o Mi – Festival Música da Ibiapaba ainda tem cinco dias de programação em Viçosa do Ceará, recheada de oficinas, encontros e apresentações artísticas. Mas nem pense que tudo termina na próxima sexta-feira (01) – vai ser apenas o tempo de arrumar as malas e chegar no sertão e depois na Chapada do Araripe! Pela primeira vez o Mi cruza as fronteiras da Serra da Ibiapaba e em 2022 acontece também em Quixadá, nos dias 04 e 05 de julho, e no Crato, de 05 a 09 de julho.
Assim como em Viçosa, a agenda nos dois municípios inclui oficinas e atividades em diferentes linguagens artísticas, com destaque para as apresentações musicais. Todas elas acontecem em equipamentos da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult) presentes nas duas regiões, respectivamente a Casa de Saberes Cego Aderaldo, em Quixadá, e a Vila da Música Monsenhor Ágio Augusto Moreira, no Crato. A programação inteira é gratuita e aberta ao público, exceto as atividades que exigem inscrição prévia pelo site www.festivalmi.com.br.
No Crato, o Mi aterrissa de 05 a 09 de julho, e adapta espaços da Vila da Música para receber uma série de atividades culturais. Um deles é o estacionamento, que se esvazia de carros para se transformar no Terreiro Vila da Música, dedicado a apresentações com artistas e mestres da cultura popular cearense, sempre a partir das 17 horas. E quem abre os trabalhos na terça-feira (05) é o Reisado Reis de Congo do Mestre Aldenir. Em atuação há mais de 50 anos, é um dos grupos mais tradicionais da região, e muito justamente inaugura o Terreiro do Mi com toda sua história e beleza.
No dia 06 (quarta-feira) é a vez de outro velho conhecido do público encantar a plateia: a Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto promete colocar todos para dançar ao som de seus pifes e percussão. Embora seja uma tradição antiga, que remonta aos índios Kariri, no Ceará foi com o grupo dos Aniceto que a música e o formato de banda cabaçal – com pifes, tambores e, adicionados depois, os pratos – ganharam maior notoriedade. Sua criação certamente não foi algo individual, mas um nome, descendente desse povo nativo da região, costuma ser apontado como “fundador oficial”: o do agricultor José Lourenço da Silva, conhecido como Aniceto.
Com seus antecessores, ele aprendeu a fabricar os instrumentos de percussão com cabaças e os pifes com a madeira oca chamada taboca, além de dominar os passos da dança que caracterizam a manifestação. Criou, então, o grupo dos Aniceto, e tratou de passar a paixão aos filhos, que formaram a segunda e mais conhecida geração da banda, primeiro sob a liderança dos mais velhos, depois dos mais novos, Antônio José e Raimundo José, ambos reconhecidos como Mestres da Cultura.
Acompanhados dos sobrinhos, eles fizeram da Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto um grande sucesso, com shows pelo Brasil e em outros países, discos gravados e incontáveis prêmios e homenagens. Falecidos, respectivamente, em 2015, aos 82 anos, e 2020, aos 86, Mestre Antônio e Mestre Raimundo não falharam em renovar a banda e garantir sua continuidade, com filhos, netos e sobrinhos, seguindo a tradição da formação familiar dessa que é uma das mais belas expressões culturais do Ceará. Quem já viu, sabe: a musicalidade e a dança são poesia pura, que exala sertão e natureza.
No dia 07 (quinta-feira), quem ocupa o Terreiro é Mestre Cirilo, com sua roda de maneiro-pau. Ícone da cultura cearense, nasceu e vive no Crato, onde durante toda a vida brincou em manifestações populares. Mas foi nas danças tradicionais como coco e maneiro-pau onde encontrou paixão e devoção, não apenas como participante, mas como mestre, responsável por ensinar e guardar viva essa prática artística. Além de liderar um grupo adulto de maneiro-pau, que é referência no Estado, Mestre Cirilo também mantém um grupo infantil, em um esforço de transmitir os conhecimentos às novas gerações.
O dia 08 (sexta-feira) é dedicado a outro formato, com a Lapinha da Mestra Zulene. De sobrenome Galdino, a mestra, reconhecida com o título em 2006, segue aos 73 anos ensinando crianças a dançar quadrilha, pastoril, coco e maneiro-pau. Aprendeu com o pai, Luiz Galdino, o amor e os engenhos do ofício, e foi como contribuiu para a educação e criação de gerações de meninos e meninas, que considera seus filhos.
Natural de Barbalha, foi no Crato onde desenhou a trajetória que a levou a ser chamada de Rainha da Cultura e do Folclore. Nos meses de novembro e dezembro, põe em cena as apresentações de Lapinhas, baseadas na narrativa do nascimento do menino Deus.
O Terreiro encerra sua programação no dia 09 (sábado), com o Reisado dos Discípulos de Mestre Pedro, conhecido como Reisado dos Irmãos, sob a liderança do Mestre Antônio Ferreira Evangelista. Segundo ele mesmo já explicou em entrevistas, o grupo dedica-se ao reisado de Congo, que mescla referências africanas a personagens da ida dos Reis Magos a Jerusalém, enquanto o Reisado de Couro ou Careta aborda a volta do trio para o Oriente. Assim, a apresentação simula um cortejo de guerreiros em uma espécie de guerra santa.
Paralelamente a tudo isso, sempre das 18h às 22h, o estacionamento da Vila da Música também recebe uma feira de arte e cultura.
Serviço
Mi – 17º Festival Música da Ibiapaba
Local: Viçosa do Ceará, Crato e Quixadá
Mais informações em www.festivalmi.com.br
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