Economia Circular: projetos desenvolvem novos negócios a partir da sustentabilidade
Para onde vai tudo o que é produzido no planeta? De acordo com dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, só no Brasil são gerados quase 80 milhões de toneladas de lixo por ano, mas apenas 4% são reciclados. O gerenciamento dos resíduos sólidos e as alternativas para enfrentar esse acúmulo são algumas das temáticas abordadas no II Seminário Cearense de Economia Criativa, que aconteceu nos dias 25 e 26 deste mês de julho. No evento transmitido pelo Youtube da Fenacce, os especialistas apresentaram considerações e cases de sucesso relacionando desenvolvimento econômico e uso consciente de recursos naturais.
Com mediação de Eldeny Rodrigues, o primeiro dia de debate contou com a apresentação de projetos que trabalham novos mecanismos de destinação ambientalmente adequada dos resíduos produzidos, consumidos e descartados pela sociedade. O diretor de política ambiental da Agência Municipal do Meio Ambiente de Sobral, Joselito Silveira, colocou o processo de logística reversa como uma opção para o início da curva da economia circular. “Atualmente a nossa economia é linear, tem a produção, distribuição e depois do consumo o produto desaparece. Porém, esse material ainda tem o que oferecer, voltando nesse ciclo para o fabricante que pode aproveitar os resíduos como já acontece como já pneus e baterias de carro”, analisa.
Dentro da perspectiva de sustentabilidade ligada à reutilização de produtos após o consumo, o Seminário trouxe cases em diferentes esferas. No campo da educação, o professor André Cardoso, fundador do Instituto Robótica Sustentável, mostrou uma metodologia de ensino aplicada nas comunidades e em escolas públicas e privadas, que une tecnologia e material reciclado, criando robôs de papelão. Além disso, o projeto impulsiona práticas de reaproveitamento de eletrônicos, dando destinação correta ao material.
Arte reciclada
O talento no reaproveitamento de resíduos também pôde ser destacado no Seminário, a partir dos trabalhos tanto da artista plástica, Beth Cyrne, como da mestre artesã, Jô do Osso. Ambas colocam em suas artes matérias-primas que a sociedade não utiliza, nem mesmo volta para o processo de produção das indústrias, conseguindo transformar a sustentabilidade em geração de renda.
A criação de biojóias pela artesã Jô do Osso transforma a matéria prima do osso de boi em colares, anéis e acessórios que ganham outra utilidade a partir da arte. Com o tempo a artista compreendeu o papel social do próprio negócio. “Só entendi que eu faço um trabalho de sustentabilidade quando tive a oportunidade de viajar para fora do país, aprendi que o osso leva 35 anos para começar a se decompor, e entendi meu papel. Mesmo com as dificuldades comecei a me dedicar, ter mais conhecimento. O artesanato coloca a comida na mesa, é arte, vida”, disse Jô do Osso, presidente da Associação dos Artesãos de Cabeledo na Paraíba.
Moda sustentável
Mediado por Geni Sobreira, o segundo dia contou ainda com a participação de Luciana Valente, fundadora da startup Susclo, uma retail tech que busca impulsionar a compra e venda de roupas de segunda mão por meio da tecnologia. Tendo o consumo sustentável como propósito, a empreendedora afirma que já promoveu o processamento de 30 mil peças. A iniciativa busca desenvolver ecossistemas locais por meio da segunda mão, incentivando a sustentabilidade social, econômica e ambiental.
Turista 4.0
A gestão mais eficiente dos recursos naturais, componentes e materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor o tempo todo, também está presente no cenário do turismo, dentro de um escopo econômico de desenvolvimento sustentável. O secretário do Turismo de Fortaleza, Alexandre Pereira, falou sobre o novo perfil do turista, chamado turista 4.0, que valoriza atitudes sustentáveis. “O turismo já é uma atividade que gera uma receita muito grande onde acontece, em Fortaleza representa ⅓ do nosso PIB. E o turista está muito mais exigente com o momento de lazer, mais digitalizado, mais sustentável e procurando por experiências autênticas, por isso as cidades precisam se adaptar”, apontou.
Durante o encontro, também foram apresentados outros cases de negócios sustentáveis de sucesso que transformam resíduos sólidos em geração de emprego e renda. O II Seminário Cearense de Economia Circular, evento do Circuito Fenacce, pode ser acessado no Youtube da Fenacce através do link: www.youtube.com/fenacce .
4ª Fenacce
Realizada pela A&M Promoções e Eventos em parceria com o Sindieventos CE, a 4ª Feira Nacional do Artesanato e Cultura (Fenacce) acontecerá em setembro, de 16 a 25, no Centro de Eventos de Fortaleza e contará com o apoio do Governo do Estado do Ceará, por meio da CeArt, do Sebrae, da ApexBrasil e do PAB- Programa do Artesanato Brasileiro.
Os interessados em participar do Circuito e ser expositor da 4ª Fenacce podem entrar em contato com a organização do evento através do site www.fenacce.com.br ou pelos telefones: (85) 3535.5900 / 99165.7323 (whatsapp).
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