
Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara promove o cuidado à saúde mental; ações alcançam pacientes e acompanhantes
Cuidar da saúde mental é algo essencial. Em janeiro, esse cuidado é reforçado com a campanha do Janeiro Branco. Entretanto, muitas ações realizadas nas unidades hospitalares da rede da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) são promovidas durante todo o ano.
A paciente Mariane Gisele Saldanha, de 20 anos, é cuidada em casa há pouco mais de dois anos dentro do Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD), do Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA). Ela foi diagnosticada com Atrofia Muscular Espinhal tipo II, desde então, recebe atendimento em domicílio. E é dentro do SAD, que Mariane também costuma cuidar da sua saúde mental. O serviço, conta com o trabalho de uma psicóloga, que oferece a atenção à saúde mental.
Mariane participa, desde 2023, de uma roda de conversa online com pacientes do Programa de Assistência Ventilatória Domiciliar (PAVD). As rodas servem como um acolhimento, onde esses pacientes, em sua maioria com locomoção limitada, podem compartilhar desafios, metas, sentimentos e se identificarem com rotinas similares.
“Acho que é um bom espaço para compartilharmos nossas vivências, nossas histórias, nossos desejos e nossas dificuldades. Nos dias da roda de conversa, sempre coloco o despertador no celular para o caso de estar dormindo e para me preparar com antecedência. Eu faço as ligações em casa, no meu quarto, e, para evitar interrupções, peço às pessoas da minha casa que evitem entrar no quarto nesse momento. Falamos sobre felicidade, tristeza, amor, morte, entre outros, na perspectiva de cada um”, conta Mariane.
Atualmente, participam da roda pacientes de 20 a 48 anos. O encontro iniciou-se em 2021, durante a pandemia. No final do ano passado, como uma forma de confraternizar, o grupo realizou o seu primeiro amigo oculto online. Renata Mesquita, psicóloga responsável pelos atendimentos no SAD, diz que os pacientes atendidos queixavam-se de maior solidão e desamparo, pois ficaram ainda mais isolados no domicílio, com restrições de visitas.
“Eles sentiam a necessidade de interação social, inclusive com pessoas que vivem a mesma realidade. Então pensei em fazer o grupo on-line para atender a essa demanda de forma coletiva. É um espaço terapêutico virtual no qual elas compartilham suas histórias de vida, rotina e também angústias e dificuldades”, destaca.
A roda de conversa online com pacientes PAVD também foi tema de um trabalho exposto pela profissional no Congresso Brasileiro de Cuidados Paliativos, em novembro do ano passado. O trabalho foi intitulado: ‘Do amor à morte: experiência de um grupo psicoterapêutico na modalidade remota com jovens de um serviço de assistência domiciliar’. “Foi maravilhoso ter esse trabalho aprovado, pois ele é inédito e um diferencial na assistência domiciliar no Brasil”, pontua.
Acompanhantes
Em paralelo, o time de psicologia do HGWA, formado por cinco psicólogas hospitalares e uma psicóloga domiciliar, além de atender as necessidades dos pacientes, também promovem rodas de diálogos com acompanhantes dos pacientes internados na unidade. Momento este que ganhou uma programação especial durante o mês de janeiro.
A coordenadora da psicologia do HGWA, Jamile Vasconcelos, conta que o grupo atingiu os acompanhantes dos eixos adultos e pediátricos. Ela explica que foi uma estratégia de educação em saúde em que as pessoas conseguem participar de maneira mais ativa e descontraída. Para janeiro, foi montada uma ação com “mitos e verdades” sobre a saúde mental ao som de Luiz Gonzaga.
“Os acompanhantes ficam muito satisfeitos com esses momentos. Afinal de contas, eles também sofrem com a sobrecarga emocional relacionada ao cuidado do paciente. E é uma forma de eles se sentirem acolhidos e apoiados, além de lembrar que eles também precisam se cuidar”, afirma Jamile.
Karen dos Santos Loiola, acompanha a filha internada na pediatria da unidade e de uma das sessões, podendo compartilhar suas angústias com outras mães que estão com os filhos internados. “Eu tenho ansiedade e poder conversar me deixou mais leve, é um sentimento de alívio e compreensão”, relata a mãe.
Além dessas ações, o setor de psicologia promove atendimento psicológico individual a pacientes e familiares; reuniões familiares; mediação de visita de criança aos pacientes internados, assim como visita estendida e visita virtual nas UTIs, dentre outras intervenções que buscam promover continuamente a saúde mental dos usuários.