Com a velocidade das transformações trazidas pela Inteligência Artificial (IA), muita gente se pergunta: “Será que vou perder meu emprego?”. A resposta, embora não elimine os desafios, é mais otimista do que parece. Segundo especialistas e instituições que vivem essa mudança no dia a dia, a IA não chegou para substituir o ser humano, mas para ampliar sua capacidade produtiva, liberar tempo para tarefas mais estratégicas e provocar um novo olhar sobre o trabalho. De acordo com o relatório “The Future of Jobs”, do Fórum Econômico Mundial (2023), mais de 40% dos empregos no mundo devem ser impactados nos próximos anos pela adoção de novas tecnologias. No entanto, o próprio relatório alerta que o cenário não é de extinção, mas de transição, com grande parte das novas vagas exigindo habilidades digitais e comportamentais, como pensamento crítico, criatividade e capacidade de aprender continuamente.
Na prática, o que se vê é que empresas estão se adaptando, treinando suas equipes e criando novos modelos de trabalho para conviver com a IA. É o que explica Betho Costa, diretor de tecnologia da 704 Apps, empresa que desenvolve soluções digitais baseadas em IA. Para ele, automatizar não significa eliminar postos de trabalho, mas mudar a forma como as pessoas atuam. “Aqui na 704 Apps, respiramos tecnologia. A IA nos ajuda a codificar até dez vezes mais rápido, mas isso não substitui o desenvolvedor. Ao contrário, potencializa o que ele pode entregar”, diz.
A empresa criou até um programa próprio de formação interna, a Mandala704, voltado a preparar os colaboradores para um uso mais eficiente e estratégico das novas ferramentas. “Apesar de a IA estar disponível ao grande público, 90% das pessoas não sabem extrair o melhor dela. Por isso, a atualização constante é essencial. A IA não rouba emprego de quem aprende o tempo todo”, reforça Betho.
Na Digital College, instituição de ensino voltada à inovação e tecnologia, os cursos passaram a incorporar a IA como um pilar transversal, presente em todas as áreas, da programação ao marketing. “A formação em tecnologia precisa acompanhar a velocidade do mundo. Por isso, incluímos disciplinas práticas sobre engenharia de prompts, ética digital, desenvolvimento de assistentes personalizados e resolução de problemas reais com IA”, explica Daniel Monteiro, especialista em inteligência artificial e cibersegurança da escola. Além de preparar os alunos para usar a IA de forma técnica, a Digital College aposta em uma abordagem interdisciplinar, incentivando a compreensão do impacto da tecnologia em diferentes setores e a construção de soluções com responsabilidade social.
Capacitação
No campo institucional, o IEL Ceará, ligado ao Sistema Fiec, também tem protagonizado ações voltadas à transformação digital, sempre com foco na valorização das pessoas. A superintendente do IEL e líder da Transformação Digital do Sistema Fiec, Dana Nunes, reforça: “A IA não veio para substituir, mas para somar. A mudança é cultural e exige preparo. A tecnologia, quando bem usada, permite que as pessoas saiam do operacional e atuem de forma mais estratégica”, afirma. Segundo Dana, o processo de transformação dentro do Sistema Fiec começou há quatro anos e passou por etapas como digitalização de processos, automação e, mais recentemente, o uso de IA em várias frentes.