Dados recentes de pesquisas apontam que a Justiça julgou 10.991 processos de feminicídio, morte de mulheres por menosprezo ou discriminação à condição de mulher, em 2024. Esse é o maior número desde 2020, quando se iniciaram os registros do novo Painel Violência Contra a Mulher. No último ano, o número de casos registrados de violência contra a mulher manteve-se em patamares elevados. Infelizmente, esses números são apenas a ponta do iceberg, pois muitas agressões não são denunciadas. O feminicídio, a forma mais extrema de violência de gênero, tem crescido e em muitos casos, é o desfecho de um ciclo de violência que começa com agressões verbais, psicológicas e patrimoniais.
A importância de identificar e buscar ajuda
A psicóloga clínica e diretora de atendimento da Associação Marta, Sarah Rebeca Barreto, ressalta que a violência contra a mulher se manifesta de diversas formas, nem sempre físicas. “É crucial que as mulheres e a sociedade em geral compreendam que a violência não se restringe a agressões físicas. A violência psicológica, moral e patrimonial também são crimes e causam danos profundos. Elas se manifestam por meio de humilhações, ameaças, controle excessivo, destruição de bens ou impedir a mulher de trabalhar e ter sua própria renda”, explica.
Para a especialista, a luta contra a violência deve ser uma pauta permanente. “O Agosto Lilás é um lembrete importante, mas a conscientização e o combate devem acontecer durante o ano todo. É fundamental que as mulheres vítimas de violência saibam que é possível sair do ciclo de violência e que existem redes de apoio disponíveis”, afirma Sarah, que atua com a Associação Marta, um projeto voluntário em Fortaleza que oferece acolhimento psicológico a mulheres para restaurar a autoestima e a dignidade.
Onde buscar ajuda
A profissional enfatiza que as vítimas devem procurar ajuda assim que se sentirem em risco ou identificarem os primeiros sinais de violência. Alguns dos principais canais de apoio são as Delegacias de Polícia Civil, em especial as Delegacias da Mulher; Casa da Mulher Brasileira; Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) ou Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS); Disque 180 (Central de Atendimento à Mulher), além de locais como a Associação Marta, que realiza encaminhamento psicológico e jurídico.
“É essencial que as mulheres entendam que elas não estão sozinhas. A rede de apoio existe e está preparada para acolher, orientar e auxiliar em cada etapa desse processo. Ter a sua dignidade e vida de volta é um direito, e essa é uma luta que todas nós devemos abraçar”, conclui a psicóloga.